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29 de julho de 2010

A "avacalhação" de Lula

Indagado sobre como via a campanha criada na internet (mais detalhes no www.catracalivre.com.br) para que se envolvesse diretamente na pressão contra a morte a mulher iraniana, acusada de trair o marido, Lula disse o seguinte: as leis dos países devem ser respeitadas para não virar "avacalhação". Em essência, é a afirmação que fez ao evitar criticar Cuba por seus presos políticos, comparados a bandidos comuns.

Uma coisa é aceitar uma lei num país democrático, com amplo direito à defesa, onde as liberdades são respeitadas. Não é o caso do Irã - e, muito menos, da mulher acusada de trair o marido, que pode ser morta a pedradas.


Imagine se, durante o regime militar, Lula preso por lutar pelas liberdades,(aqui, interfiro: Lula foi preso, por 30 dias, por instigar a desordem no Pará, fato que culminou com o linchamento de um suposto assassino de um sindicalista - uma acusação que nunca foi comprovada) os presidentes de outros países falassem a mesma frase. Afinal, ele foi preso conforme as leis vigentes na época.

Para completar a "avacalhação", lembremos que Lula pessoalmente agiu para libertar quatro traficantes brasileiros na ditadura da Síria. Será que os traficantes merecem muito mais consideração?

É uma pena a posição de Lula. Ele é das poucas vozes do mundo que poderiam ser ouvidas no Irã, afinal ele se desgastou e está se desgastando para evitar as retaliações contra aquele país, envolvido em projetos nucleares acusados de visar a construção da bomba. – Por Gilberto Dimenstein – Folha de São Paulo

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