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22 de julho de 2010

Falta de instrução do eleitorado interfere no aperfeiçoamento da classe política

O Brasil possui 27 milhões de eleitores analfabetos ou que sabem ler e escrever, mas nunca frequentaram uma escola. O dado assusta e lança dúvidas a respeito da qualidade do voto que escolhe parlamentares e governantes. Afinal, como esse eleitor toma sua decisão? Quais são suas características e preferências? Para responder essas questões, é importante analisar a falta de instrução dentro de um quadro mais amplo. Normalmente, ela está associada a outros problemas como pobreza e falta de oportunidades. A literatura especializada costuma tratar esse tipo de eleitor como sendo mais vulnerável a propostas clientelistas de compra e venda de votos. Faz sentido. Por Leonardo Barreto


Não é o caso de dizer que essas pessoas são "eticamente inferiores". O problema tem outra natureza. Normalmente, as perspectivas de melhoria de vida delas estão ligadas a algum tipo de ajuda governamental. Políticos se oferecem como intermediários dessas pessoas junto ao poder. Caso ela precise de uma ambulância no meio da noite, por exemplo, saberá para quem ligar. Claro, o elemento de troca do eleitor seria o voto.

Se isolarmos a variável educacional, o analfabetismo incidiria diretamente sobre a (in)capacidade do eleitor de acessar meios de informação ou de construir vários pontos de vista sobre uma questão. Esse eleitorado tende a replicar hábitos que lhes foram passados por costume, como voto por indicação.

A tendência desse grupo é replicar aquilo que o pai ou o avô faziam, sem muita capacidade crítica. Por esse motivo, é muito comum escutar, mesmo nos grandes centros, pessoas dizendo que irão votar "naquele candidato que der uma ajudinha para a família", assim como se fazia no tempo dos coronéis.

Outra consequência é a falta de condições de enxergar diferença entre as alternativas políticas disponíveis. Esse é um problema fatal para a democracia, pois ela é um sistema interminável que funciona na base de "tentativa e erro": punindo os políticos ruins e premiando os bons. Se a capacidade de distinguir quem é quem é comprometida, a democracia perde atratividade.

O dado sobre a falta de instrução do eleitorado mostra que o aperfeiçoamento da classe política passa pela qualificação dos eleitores. Ainda há muito por fazer. Folha de São Paulo -

LEONARDO BARRETO é cientista político e pesquisador da UnB


Deu na Folha de hoje: “1 um cada 5 eleitores não foi à escola ou é analfabeto”: 8 mi dizem que não sabem ler nem escrever, e 27 mi nunca tiveram aula. A pior situação é no Nordeste: enquadram-se em um desses grupos 35% dos eleitores. No Sudeste, são 12%.


ANALFABETOS
» Senador João Calmon trabalhou uma década para exterminar o analfabetismo. Quanto mais o Mobral ensinava, mais gente nascia. Um ministro usou o bom humor. Mario Henrique Simonsen disse que uma senhora de 90 anos estava alfabetizada. O ministro, em bom-tom, acrescentou: “Péssimo uso do dinheiro”. Sabe-se que, nos dias atuais, o número de analfabetos é igual ou superior a 20 anos atrás. Por Ari Cunha - Correio Braziliense

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