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23 de julho de 2010

Lógica do marketing irrita entidades da sociedade civil

"A gente quer que os candidatos se enfrentem e debatam os problemas, para que o cidadão possa julgar. A informação tem que ser a base do voto".

Decisão de candidatos que lideram as pesquisas de não participar dos debates é vista como antidemocrática .Organizações da sociedade civil preocupadas com a melhoria do sistema político e eleitoral do País consideram abominável a decisão de alguns candidatos de não participar de debates em época de campanha. Para eles, essa atitude, determinada quase invariavelmente pela lógica do marketing, contraria o espírito democrático da eleição.


"Esse é um momento fecundo para a troca de ideias e a exposição de opiniões e propostas", diz Gilberto Palma, diretor do Instituto Ágora, organização voltada para a educação política e o acompanhamento de parlamentares em assembleias legislativas e câmaras municipais. "Ir para o debate é o mínimo que se espera de um candidato. Quando alguém se recusa, deixa de cumprir um serviço importantíssimo, que é ajudar o eleitor a votar de maneira responsável."

Para a vice-diretora do Movimento Voto Consciente, Rosângela Giembinsky, a recusa cada vez mais frequentes aos convites para debates confirmam o crescente predomínio dos marqueteiros nas campanhas. "É uma atitude abominável", diz.

Ainda segundo Rosângela, o debate é real e direto e expõe o candidato de maneira ampla, com sua história de vida e seu pensamento. "Ele corre riscos, sem dúvidas, mas é o debate que permite ao cidadão avaliar melhor cada um dos pretendentes ao cargo." Os marqueteiros, porém, preferem outra arena: "Querem os candidatos sempre bem maquiados, nos estúdios, com todos os recursos televisivos disponíveis, como se estivessem numa telenovela e sem correr riscos. Se continuar assim, logo vamos ter uma lei obrigando os candidatos a participar de debates." Por Roldão Arruda - O Estado de São Paulo

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