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5 de agosto de 2010

Venezuela em crise

Qualquer semelhança da PDVSA com a Petrobras (e outras estatais brasileiras) é mera coincidência. O fato é que o caminho para o desastre tem sempre a mesma direção: transformar uma empresa em cabide de emprego, financiar projetos assistencialistas e entupir seu quadro funcional com indicações políticas, em detrimento de pessoal qualificado. É o que você vai ler abaixo, no Editorial de hoje, da Folha de São Paulo. Eles não fizeram comparações com os mastodontes tupiniquins, mas eu faço. A realidade está na cara para quem quiser ver. FDS


A empresa de petróleo venezuelana PDVSA anunciou anteontem uma queda de 53% nos lucros relativos ao ano de 2009, em comparação com 2008. No mesmo período, o faturamento da companhia, de US$ 74,9 bilhões, registrou declínio de 41%.

O anúncio do mau desempenho da estatal, a grande fonte de recursos da Venezuela e do governo de Hugo Chávez, ocorre em meio a previsões sombrias para a economia do país. De acordo com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), o PIB venezuelano deverá encolher 3% neste ano, enquanto o da maioria dos emergentes crescerá.

O quadro é agravado pela expectativa de que a inflação alcance a casa dos 40%, índice impensável no Brasil, que já foi "viciado" em inflação, e bem acima do verificado em economias menos equilibradas da região.

Pesquisas de opinião indicam que mais de 50% dos venezuelanos veem Chávez como responsável pela deterioração das condições econômicas. E já superam 40% os que dizem ter mais confiança na oposição.

Em que pesem as exortações à diversificação da estrutura produtiva, a Venezuela mantém-se dependente do petróleo, que representa cerca de 90% das divisas. Há quem sustente que a situação da companhia é pior do que sugerem os números divulgados pelo governo. Transformada em cabide de emprego e financiadora de projetos assistencialistas, a estatal sofre com a carência de pessoal qualificado e com a baixa capacidade de investimento.

Não é a primeira vez que Chávez enfrenta percalços na economia. A diferença é que agora parece improvável uma nova onda de alta exorbitante do petróleo, que possa lhe servir de tábua de salvação. Não se pode dizer que os dias do chavismo no poder estejam contados, mas é muito provável que as eleições parlamentares de setembro exponham um forte desgaste político do líder bolivariano. Editoriais Folha de São Paulo

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