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6 de outubro de 2010

Invasões: A herança maldita do PT

Bastou sair os resultados das urnas, desfavorável
ao PT, e seus bates-paus começam a invadir imóveis
em São Paulo
É inconcebível que um partido faça tamanho estrago no tecido social e só tenha a apresentar a adaptação de um programa assistencialista de um governo anterior a ele.

Se dependesse do PT, a ética do esforço individual e do mérito estariam a sete palmos sob a terra. Essa é talvez a pior herança deixada por esse partido, se é lícito chamar um movimento de massas organizado de partido. Sem nenhum pejo, quando a plateia é de pobres coitados dos rincões brasileiros, o presidente Lula, ainda hoje, no outono da vida política, solta a sua máxima da cartilha da luta de classes, a única que deve ter caído em suas mãos. Por Gerson Faria


Diga-se que esta cartilha é a origem do PT, pela qual há um mundo de exploradores e um mundo de explorados. A vanguarda do proletariado deveria assumir o lugar dos exploradores e fazer justiça a seu modo – não ao modo burguês, pautado pelo respeito às leis, pois, em sua cosmovisão, essas seriam eivadas da consciência de classe do opressor.

O tempo passou e o Brasil, afirma-se, mudou para melhor. Há hoje uma certeza disso, em certos círculos, dada por uma cesta de índices macroeconômicos que afirmam que "o que manda é a economia, estúpido". O povão quer consumir e está feliz. Dizem que até um poste poderia ser eleito sucessor à presidência em condições assim – e se esforçam para isso ao máximo.

No entanto, o legado moral e ético deixado pelo movimento de massas que é o PT esses índices macro não medem. Na verdade, não chegam nem perto. E esse é o capital básico do partido, o potencial de indignação malandra, de senso de injustiça que jamais será satisfeito, útil até o momento em que as massas têm de ser devidamente enquadradas.

Até lá, porém, o quanto puder se beneficiar, melhor, pensa-se, pois quem tem alguma coisa só pode ter roubado. Que mal existe em reivindicar sem mérito? Pode ser que pingue algum no meu prato, quem sabe?

É inconcebível que um partido faça tamanho estrago no tecido da sociedade brasileira e tenha como grande resultado a apresentar apenas uma adaptação de um programa assistencialista do governo anterior, conhecido hoje como Bolsa Família.

Mas sabe-se que, nesse caminho, toda uma liderança política e empresarial engajada se locupletou. Para essa elite, a conquista da prosperidade e da felicidade não advém do esforço constante e aprimorado, produtivo, humilde. O PT nunca defendeu igualdade de condições, sempre defendeu privilégios de classe.

Lula e a elite de seu movimento de massas amam suas vidas de executivos, e acreditam estar fazendo justiça social a partir de si mesmos. Vez ou outra, passam essa impressão, para os desavisados e para si próprios, ensaiando certa indignação farsesca, na tentativa de reviver o espírito primordial cravado no coração de operário malandro, na esperança de que a plateia também seja de operários malandros, ansiosos por sacanear o chefe.

Mas o Brasil não é feito de operários malandros. Essa limitação psicológica, a da suspicácia de classe, Lula não ultrapassou. E é por isso que ele e seu partido odeiam a independência das classes médias instruídas, tendo feito chacota disso a despeito do fato de sistematicamente perderem as disputas ao governo de São Paulo.

Essa herança maldita está sendo pouco analisada, pouco avaliada e pouco atacada pela oposição. A herança de que basta montar um bando, nomeá-lo "movimento", "coletivo" e suas variantes, reivindicar o que quer que seja e achar que isso é a conquista da dignidade.

Querem um exemplo? Mal o povo de São Paulo declarou seu voto de confiança, novamente, no governo do PSDB, para recomeçarem as invasões de edifícios no centro da cidade. Isso sim, é uma herança maldita.

Gerson Faria é físico, formado pela USP, atua na área de Tecnologia da Informação e escreve para o site www.midiaamais.com.br

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