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1 de outubro de 2010

Leve 1, pague 2... ou mais. O milagre de Lula

Eis o formidável projeto lulista de incorporar miseráveis à “classe média”. A maioria das famílias está completamente endividada no crediário


No financiamento para a compra de bens duráveis, os juros já representam mais da metade do valor das parcelas. Um imóvel dividido em 180 meses chega a custar três vezes mais que à vista. Os consumidores aumentam o endividamento para adquirir produtos como eletrodomésticos e comprometem, em média, 39,1% da renda anual com as prestações.Os juros estão tomando conta do orçamento do consumidor. Por Vânia Cristino e Victor Martins


As taxas são tão elevadas que, na compra de um produto, o comum é pagar duas ou até três vezes por ele. O brasileiro compromete 23,8% da renda mensal com financiamentos bancários para comprar bens de consumo.

Mais da metade dessa parcela (13,3% do rendimento) é destinada ao pagamento dos encargos. Os restantes 10,5% são para quitar o principal da dívida. A constatação é do corpo técnico do Banco Central (BC), que concorda com a afirmação de que o “brasileiro compra juros para ganhar de brinde uma geladeira”.

Segundo levantamento do BC, o brasileiro descobriu o crédito nos últimos anos e está se endividando em ritmo acelerado. Em julho de 2006, o consumidor médio devia cerca de 25% do seu orçamento anual. Em igual mês deste ano, a conta cresceu para 39,1%. Parte desse endividamento — o equivalente a 8,06% — é com o financiamento da casa própria. Quando se divide o débito total pelo número de parcelas, o BC concluiu que o comprometimento salarial com a quitação das prestações vem se ampliando devagar ao longo do tempo.

Há quatro anos, os trabalhadores usavam 21,4% dos ganhos com os pagamentos mensais. Este ano, o índice passou para 23,8%. O desembolso mensal com o pagamento de juros passou de 11,3% da renda para 13,3%, um aumento de dois pontos percentuais. A parcela referente ao pagamento do principal cresceu bem menos no período, de 10,1% para 10,5%. “As pessoas pagam mais juros do que principal. As taxas no Brasil ainda são muito elevadas”, justificou Carlos Hamilton Araújo, diretor de Política Econômica do BC.

Casa própria
A constatação de Araújo explica por que, na compra da casa própria, em algumas simulações de financiamento, chega-se a pagar 216,9% de juros. Uma residência que, à vista, custa cerca de R$ 110 mil, tem o valor multiplicado por três quando a compra é dividida em 180 meses. A despeito do alto custo, o sonho de sair do aluguel tem ganhado destaque na carteira de crédito dos bancos. Mais brasileiros estão comprando casas. Em 12 meses, os financiamentos habitacionais cresceram 51%, segundo dados do BC.

A situação é semelhante na aquisição de veículos, geladeiras, fogões e televisores. Uma máquina de lavar pode dobrar de valor se o pagamento for dividido em 24 vezes em uma grande rede varejista do país. Uma moto que custa R$ 5.690,00 à vista sobe para R$ 13.360,00. Das condições de financiamento pesquisadas pelo Correio, apenas a de veículos se mostrou com juros menos pesados. O custo do carro não chega a dobrar, mas fica 76,63% maior. Se ao valor final fosse acrescentado cerca de R$ 6 mil, seria possível adquirir mais um automóvel com as mesmas características.

Concorrência
A forte concorrência no sistema financeiro, porém, tem feito os bancos reduzirem os custos de empréstimos para ampliar a carteira de clientes. No caso dos bancos particulares, a vontade de conceder crédito é ainda maior — eles não querem perder espaço para as instituições públicas, que têm ordens explícitas para aumentar as carteiras.

A inadimplência em baixa também tem reduzido o valor dos juros e do spread bancário (diferença entre a taxa que o banco paga para captar recursos no mercado e o que ele cobra dos clientes). Eventuais aumentos de taxas têm sido acomodados com a ampliação do prazo de pagamento, de tal forma que a prestação caiba no bolso do consumidor. Correio Braziliense

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