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21 de outubro de 2010

"Só apurar quando não adiantar"

Se o mensalão, cinco anos depois, ainda não tem nenhuma sentença; se os dólares na cueca estão esquecidos, sem que se saiba de quem eram, para quem iam e de onde vieram; se o dinheiro dos aloprados, quatro anos após o episódio, continua sem teto, sem que se tenha apurado de onde saiu e por quem foi entregue aos cavalheiros que pretendiam comprar um dossiê contra Serra; se não se sabe ainda, passados mais de 40 anos, como foram distribuídos os US$ 2,5 milhões que estavam no cofre do falecido governador Adhemar de Barros, que ficaram em poder do grupo de que Dilma Rousseff fazia parte; por que tanta surpresa com mais um adiamento da sindicância sobre Erenice Guerra, principal auxiliar da ministra-candidata Dilma Rousseff, de tal forma que só se saiba alguma coisa - se alguma coisa se souber, um dia talvez, talvez quem sabe - depois do segundo turno? Por Carlos Brickmann



Quem investiga as irregularidades que podem ter ocorrido na Casa Civil da Presidência da República é a Casa Civil da Presidência da República. Se algo ilegal for apurado, prejudicará a candidatura da ex-ministra da Casa Civil da Presidência da República. Então, caro leitor, deixa pra lá. Não é o sucessor de Dilma Rousseff e Erenice Guerra na Casa Civil da Presidência da República, ministro Carlos Esteves Lima, que vai querer ficar com a batata quente nas mãos.

A ideia geral é que, já que ficar de pé é cansativo, o melhor é sentar em cima dos escândalos. E não acredite que, passado o segundo turno, a sindicância vá andar mais depressa. Se ganhar a situação, por motivos óbvios (e a oposição, desanimada pela derrota, não terá como levantar os estandartes de guerra). Se ganhar a oposição, tudo bem: será a hora de dividir o poder. De, na pitoresca expressão que se usa para evitar frases grosseiras, "cuidar da governabilidade", de garantir a maioria. Erenice passa a ser um episódio menor, a ser esquecido.

Carlos Brickmann é jornalista e diretor da Brickmann & Associados Comunicação.

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