Quando vi fotos de um cara que admiro e respeito, Tom Morello, guitarrista do Rage Against the Machine, pagando de otário ao lado de malacos do MST, me lembrei de outra foto-símbolo da militância ingênua: Sting, bonzinho, ao lado do índio Raoni, nos anos 80. Sting reclamou por anos de todos os chapéus que levou dos índios. Tomaram-lhe dinheiro e prestígio. Ele e Raoni só reataram recentemente, unidos contra a usina de Belo Monte. De Morello, não sei o que o MST tomou. Se não levou nada, foi porque não deu tempo.
Morei na Califórnia, conheço esse tipo de gringo bem intencionado e politicamente correto que abraça qualquer bandeira. Por Álvaro Pereira Junior
Coma esta carambola, ela foi plantada organicamente por velhinhas do altiplano da Bolívia. Ele come. Recite estes versos, eles foram ditados por um vovozinho analfabeto no sul do Piauí. Ele recita. Dê dinheiro para os plantadores de milho de Burkina Fasso, que estão perdendo terreno para plantações transgênicas. Ele dá.
Nessa semana, foram publicadas novas fotos da holandesa que aderiu à guerrilha das Farc, na Colômbia, achando que cerrava fileiras por um lindo ideal de igualdade. Quando descobriu que lutava ao lado de traficantes a quem interessava tudo, menos igualdade, era tarde. Agora, é refém dos pilantras.
Gringo é assim: só enxerga preto e branco. MST, movimento que luta por terra para quem não tem? Claro, vamos aderir. Deve ter sido isso que Tom Morello pensou. Só não caiu a ficha porque não ficou tempo suficiente com aqueles tipos.
Mas, pensando bem, ainda é tempo. De um jeito ou de outro, daqui a pouco ele recebe a conta. Aí, como Sting, vai chiar. Tarde demais.
Coluna ESCUTA AQUI da Folha de São Paulo
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