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27 de outubro de 2010

Versões de Erenice

Parece claro que, com suas negativas, Erenice buscava poupar sua ex-chefe, Dilma

Revelaram-se falsas as veementes e repetidas declarações da ex-ministra Erenice Guerra de que jamais se reunira com empresários beneficiados pelos serviços da firma de lobby de seu filho. Como relatado em setembro nesta Folha, a ex-secretária-executiva da Casa Civil encontrou-se, no final de 2009, com representantes de uma empresa de Campinas interessada em liberar um empréstimo bilionário do BNDES. À época, a pasta era chefiada pela hoje candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Erenice vinha negando, desde então, ter participado da reunião. Anteontem, em depoimento à Polícia Federal, voltou atrás e admitiu ter recebido os empresários na sede do governo federal. Editorial Folha de São Paulo


Os representantes da empresa também afirmaram, em entrevista à Folha, terem sido procurados, depois da reunião, pela Capital Consultoria. A firma do filho de Erenice teria cobrado por seus serviços seis pagamentos mensais de R$ 40 mil, além de uma "taxa de êxito" -um eufemismo para propina- de 5% sobre o valor do financiamento. Segundo as declarações, o pacote incluiria ainda uma doação de R$ 5 milhões, supostamente para a campanha presidencial petista.

Os representantes da empresa de Campinas não foram os únicos a ter acesso à ex-secretária-executiva da Casa Civil. No mesmo depoimento à PF, Erenice declarou ter se encontrado, em uma padaria de Brasília e em seu próprio apartamento, com representantes da MTA Linhas Aéreas. A empresa, como revelado pela revista "Veja", também contratara os serviços de seu filho.

Parece claro que, com suas negativas, Erenice buscava poupar sua ex-chefe, Dilma Rousseff, e enfraquecer os indícios de que um balcão de negócios havia sido montado na Casa Civil - onde se orquestrou, no primeiro mandato, o esquema do mensalão. Em ambos os casos, sob o nariz do presidente Lula e, no mais recente, da candidata petista.


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A presença ou a ausência de Erenice e até mesmo as suas falsidades não são o cerne do escândalo. O passo a passo da história, sim. É prova da força das redes de família, amizade e compadrio político nas relações da administração lulista com agentes privados.

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