Chá das cinco: entre os muffins e as receitas de Roussell

Abílio Diniz resolveu exibir suas porcelanas, durante o chá da tarde oferecido em sua casa à candidata petista e às 50 socialites e empresárias. O dono do Pão de Açúcar tem suas convicções. Para ele, “Dilma tem condições de levar adiante o "legado" do presidente Lula”. A ex-ministra chegou pontualmente às 15h30, mas teve de esperar aproximadamente uma hora e meia para que todas as beldades aparecessem. Oito delas não apareceram. Entre as convidadas presentes: Ana Feffer, Maria Antonia Civita, Rosangela Lyra, diretora da Dior, a empresária Mariangela Bordon, dona da Eos Cosméticos, Cláudia Bonfiglioli, dona da rede Bon Grillê, e Maria Alice Klein - mulher de Michel Klein, que recentemente vendeu parte da Casas Bahia para o Grupo Pão de Açúcar.

Acomodadas nos sofás e poltronas da sala principal, elas ouviram Dilma discorrer sobre sua longa trajetória de vida - em 20 minutos. A petista falou de casamento, filhos, da guerrilha, carreira e a sua atuação no governo Lula.

A maioria das perguntas das senhoras visou a temas econômicos, e a candidata prometeu fazer a reforma tributária nos seis primeiros meses de governo.

As impressões:

"Ela estava tão descontraída que parecia estar na sala da sua própria casa", comentou uma das convidadas.

Cláudia Bonfiglioli: “Vou votar nela. - Ela disse ser sua prioridade, nos primeiros seis meses, fazer a reforma tributária. Todos saíram com uma impressão muito positiva. Ela mostrou estar bem preparada e surpreendeu, respondeu a tudo com precisão e foi convincente”.

"Foi um espetáculo!", limitaram-se a dizer duas loiras de meia-idade que saíam apressadas para seus carros.

Enfim, a ex-ministra foi aplaudida ao final.

Concluo:

Que as esposas dos empresários tirem suas conclusões apressadas, vá lá. Sabemos bem que o forte dessas senhoras não são as questões tributárias, desde que não lhes falte, obviamente, um cartão de crédito com limites bem polpudos.

Quanto às empresárias, já não é possível ser tão complacente. Se elas são executivas e comandam negócios, então sabem bem que o conhecimento e a competência são indispensáveis. Alguém que resume sua vida e experiência política - em 20 minutos -, não pode ser convincente.

No fundo, essas executivas estão confiando que o Lula continue por trás de Dilma, comandando o país e conservando as coisas como estão – ainda, que isto seja uma anomalia para a democracia. Elas acreditam que ninguém irá “mexer nos seus queijos”.

Ao invés de irem bater palminhas prá Dilma, elas deviam ler “A prática e a teoria do bolchevismo” de Bertrand Russell, mais precisamente o último capítulo, onde ele dá conselhos e receitas para o sucesso do socialismo.

Um deles: “Os socialistas devem primeiro tomar as indústrias por meio de estatização, e permitir que os capitalistas continuem mantendo seus rendimentos. Em seguida, quando todos estiverem acomodados, então eles podem ser expropriados, sem muita dificuldade. Desta forma, poderemos ter uma transição relativamente pacífica para o socialismo sem o colapso da indústria”. - Dizem que Mao Tsung foi um grande admirador de Russell, e que a China incorporou muitos de seus conselhos.

Sob o socialismo, os empresários são expropriados, perdem suas empresas para o Estado. Quanto aos seus cargos executivos podem esquecer, pois sempre haverá um ‘companheiro’ pronto para assumi-lo. É só “mirar” a Venezuela.

Quanto às socialites - esposas dos empresários - como não bastasse o rancor natural contra a burguesia, elas ainda deram um chá de cadeira de uma hora e meia na petista. Portanto, senhoras, hora de comer todos os muffins de maçã e brioches que puderem.

Texto do Fila da Sopa