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2 de agosto de 2010

Entrega-se catástrofe

As demissões nos Correios são um embuste: mudam-se os nomes, mas a estatal, cujos serviços estão à beira do colapso, mantém-se sob fisiologismo político.

Os Correios, estatal que se consagrou como vitrine da corrupção no Brasil, passam pela mais severa crise dos seus 41 anos. Primeiro, o governo Lula fatiou a empresa entre operadores do PTB, do PMDB e do PT. Conheceu-se o resultado dessa gestão compartilhada nas audiências da célebre CPI dos Correios. O que fez o governo após se apagarem as luzes da CPI? Por Diego Escosteguy


Legou o comando dos Correios aos profissionais: a turma do PMDB. Nomearam-se apadrinhados dos senadores Romero Jucá, Valdir Raupp, Leomar Quintanilha, do deputado Jader Barbalho e de Hélio Costa, ex-ministro das Comunicações.

Uma operação da Polícia Federal expulsou os indicados de Jader e de Jucá. Os demais permaneceram. E cumpriram o que se espera deles: quatro anos depois, os Correios estão à beira do colapso. Uma em cada quatro cartas chega com atraso ao seu destino. Faltam 10000 carteiros para atender à crescente demanda do país. Há poucos aviões para transportar cargas. Os Correios tanto agonizaram que. na semana passada. o presidente Lula demitiu o presidente da estatal, Carlos Custódio, e o diretor de Recursos Humanos, Pedro Magalhães - ambos cupinchas de Hélio Costa.

Seguindo a clássica lei da política brasileira. rodo mudou para permanecer como está. O novo presidente, David de Matos, não tem nenhuma experiência no setor. Foi indicado pela ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. de quem é amigo, e pelo senador Gim Argello, petebista com alma peemedebista - outros próceres do PMDB avalizaram a escolha. Explica-se o afinco do senador: Gim é dono da mais rentável franquia dos Correios em Brasília. E é bom de indicações. Ele conseguiu até um emprego para Israel Guerra, um dos filhos de Erenice, no governo de Brasília. Israel. porém, ficou pouco tempo no cargo. O novo diretor de Operações, Eduardo Artur Rodrigues, é um lobista do setor de carga aérea. Indicação do senador Quintanilha. O pai de seu ex-genro é dono da MTA, empresa aérea que presta serviços de transporte à estatal - e para a qual ele já trabalhou. O novo diretor também já fez lobby para a Total, transportadora mineira de cargas que detém contratos com os Correios e laços de amizade com Hélio Costa.

Pelos reveses nos Correios, Hélio Costa recebeu uma compensação. Conseguiu acomodar seu amigo Jorge Luiz Bastos - empresário de um time de basquete! - numa diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Seja em agências reguladoras, como a ANTT, seja em órgãos do governo, como os Correios, definitivamente não há mais pudores na desastrosa e reiterada opção do governo Lula pelo fisiologismo. Revista Veja

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