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11 de setembro de 2010

"Aqui no Amapá vote em Waldez Góes, que está com Dilma"

Lula e Waldez Góes em Brasília; presidente pediu
votos para ex-governador do Amapá
Um dia antes, Lula pediu votos para Góes.

Candidato ao Senado pelo PDT exibiu depoimento de presidente na TV na véspera de prisão pela Polícia Federal. Trecho da gravação foi exibido de novo ontem; no RS, Dilma disse que corrupção é combatida "doa a quem doer".

Lula da Silva apareceu no horário eleitoral gratuito do Amapá pedindo votos para o ex-governador e candidato a senador Waldez Góes (PDT) na véspera de ele ser preso pela Polícia Federal sob suspeita de integrar um esquema de corrupção. Góes e o atual governador do Estado, Pedro Paulo Dias (PP), que concorre à reeleição, foram presos com outras 16 pessoas, ontem pela manhã, sob suspeita de participar do desvio de verbas federais e estaduais. A operação da PF foi batizada de Mãos Limpas. A mensagem de apoio de Lula ao candidato, um depoimento que dura 28 segundos, foi ao ar na noite de quinta, horas antes da deflagração da ação policial. Por Graciliano Rocha


No vídeo, o presidente olha direto para a câmera e diz que aprendeu a importância de ter apoio no Senado para governar bem. Lula afirma: "Quando for presidenta, Dilma vai precisar de senadores que ajudem a aprovar seus projetos".

O presidente encerra a aparição pedindo votos para o pedetista: "Aqui no Amapá vote em Waldez Góes, que está com Dilma".

Parte do depoimento voltou a ser exibida no programa da tarde de ontem, após o candidato ter sido preso.

Em Porto Alegre, a presidenciável petista Dilma Rousseff elogiou a operação da PF e declarou que o governo Lula combate a corrupção "doa a quem doer".

"[A operação] é absolutamente de acordo com o que sempre fizemos. A gente tem tido em relação à Polícia Federal, à CGU [Controladoria Geral da União] e a todos os órgãos de investigação a seguinte orientação, sempre foi a [orientação] do presidente Lula: "desmantele esquema de corrupção doa a quem doer"."

COLADO A LULA
O governador preso tentava se vincular a Lula e Dilma. Quatro dias antes de ser preso, obteve na Justiça Eleitoral o direito de veicular imagens com os dois, já que seu companheiro de chapa, Alberto Góes, é do PDT, que integra a coligação de Dilma. Na disputa ao governo, Góes enfrenta o candidato Camilo Capiberibe (PSB), que tem o apoio do PT. Folha de São Paulo


POLÍTICOS ENVOLVIDOS SÃO ALIADOS DE SARNEY
Nome do senador não é citado pela PF, mas ele tem relações com atual governador e Góes

O grupo político envolvido no escândalo desvendado pela Polícia Federal no Amapá durante a Operação Mãos Limpas tem o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como integrante mais notório.

O nome de Sarney não aparece entre os envolvidos no esquema, mas a ligação política entre ele e o ex-governador Waldez Góes (PDT), preso na Operação Mãos Limpas, vem se estreitando desde 2006, quando se aliaram na campanha política que garantiu a reeleição de ambos. A troca de elogios entre os dois políticos foi a principal bandeira da disputa, alimentada pelo slogan "o que é bom tem que continuar".

No dia 13 de julho, Sarney chamou em seu gabinete o ministro da Saúde, José Ramos Temporão, para atender o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), um dos 18 detidos, e o secretário de Saúde do Maranhão, que ali estavam. Temporão deixou de lado a situação de emergência existente na época nos Estados nordestinos atingidos pelas enchentes e foi atender os aliados de Sarney.

Em 16 de julho de 2009, o presidente do Senado não economizou elogios ao ex-governador Waldez Góes ao discursar no plenário. Para Sarney, Góes "foi capaz de unir forças políticas, por seu temperamento e espírito público e fez uma administração pacífica". "Por dever de lealdade e, ao mesmo tempo, testemunha de verdade, quero dizer que ele realizou uma obra política reconhecida por todos os amapaenses e por toda a classe política do Amapá", discursou.

A ala política oposta a Sarney, comandado pela família Capiberibe, tampouco tem o que exibir. Eleito senador em 2002, João Capiberibe (PSB) teve o mandato cassado em 2005 sob a acusação de compra de votos. No início desta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou também o registro de candidata a deputada federal da mulher dele, Janete Capiberibe (PSB), com base na Lei da Ficha Limpa. O órgão entendeu que ela está inelegível por ter sido condenada por compra de votos nas eleições de 2002.

Sarney escolheu o Amapá como domicílio eleitoral em 1990, logo que deixou a Presidência. Quase todos os políticos locais nasceram fora do Estado, mas começaram a carreira na região. Já Sarney deixou toda uma vida política consolidada no Maranhão para se tornar senador no ano em que o então território do Amapá se transformou em Estado. Rosa Costa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

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