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6 de setembro de 2010

Chapa-branquismo dilmista

A se confirmarem as previsões, com base nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT) será eleita e terá em 2011 o Senado mais governista desde a volta do sistema de escolha direta de presidentes da República pós-ditadura. Pelas contas publicadas por esta Folha no sábado, o bloco chapa-branca ficará em torno de 55 dos 81 senadores. Numa estimativa conservadora, terá 50 cadeiras. Seria um voto além dos 49 necessários para promover mudanças constitucionais. Esse cenário nunca existiu para Collor (eleito em 1989), FHC (1994 e 1998) e muito menos para Lula (2002 e 2006). Por Fernando Rodrigues


Embora Collor e FHC tenham sido eleitos com o apoio de substratos políticos sempre propensos à adesão, o modelo de suporte era mais difuso. Basta lembrar que a maior de todas as legendas, o PMDB, nunca esteve presente em uma chapa presidencial vencedora até hoje em eleições diretas.

É o que acontecerá agora, se confirmadas as pesquisas. O peemedebista Michel Temer é o candidato a vice-presidente na chapa com Dilma. O PMDB está no dilmismo desde o seu primeiro dia. Muitos nesse agrupamento já salivam ao pensar nos cargos novos em 2011.

Essa hegemonia congressual será ainda mais pronunciada na Câmara, onde prevalece um histórico fisiologismo rasteiro. A Câmara Baixa também começará o ano que vem com uma bancada dilmista composta pela dezena de partidos que dão hoje apoio eleitoral oficial à candidata de Lula.

Esse adesismo prévio, inédito, aumentará o poder de controle exercido pelo Planalto sobre a Câmara e o Senado. Indagada sobre se é favorável a mudanças constitucionais, pela via tradicional ou por meio de um Congresso com poderes especiais, Dilma tem sido comedida. Sempre usa a mesma frase: "Depende de como e com qual Congresso". Essa resposta enigmática deixa a porta aberta para todo tipo de experimento em 2011.

Fernando Rodrigues, repórter e colunista da Folha de S.Paulo

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