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13 de setembro de 2010

Nossa República sob ameaça

Aquele que jurou cumprir e defender a Constituição é quem zomba, faz galhofa da legislação, usando sua "esperteza" para o próprio louvor.

Escreveu a Folha de S. Paulo, em editorial, semana passada: "Em vez de tomar medidas contra o descalabro da Receita, o presidente (Lula) vai ao programa de sua candidata para atacar as vítimas". No mesmo editorial, afirma: "Fazendo-se entretanto de vítima, como é seu costume, aliás, o presidente da República ocupou parte do horário eleitoral de sua candidata para atribuir ao 'preconceito' as críticas que o escândalo da Receita merecidamente recebeu da oposição.(...) Uma democracia se vê ainda mais atingida quando o Estado se torna aparelho nas mãos de uma camarilha arrogante e impenitente, que o põe a serviço de seus interesses eleitorais, de seu desrespeito com os direitos dos cidadãos, de sua permanente vocação para a chantagem moral e para a intimidação política." Por Paulo Saab


Escreveu o Estadão em editorial na semana passada: "Tão profícua tem sido a atuação do presidente Lula na desmoralização das mais importantes instituições do Estado brasileiro que se torna missão complexa avaliar o que efetivamente tem sido realizado nesse campo, aí sim, como nunca antes neste país.”.

No mesmo editorial: "O presidente Lula desmoralizou o Congresso Nacional ao permitir que o então chefe da Casa Civil, o trêfego José Dirceu, urdisse e implantasse um amplo esquema de compra de apoio parlamentar, o malfadado mensalão (...) O presidente Lula desmoralizou a instituição sindical ao estimular o peleguismo nas entidades representativas dos trabalhadores e, de modo especial, nas centrais sindicais, transformadas em correia de transmissão dos interesses políticos de Brasília. (...) O presidente Lula desmoralizou os Correios (...), o TSE, ao ridicularizar multas que lhe foram aplicadas por causa de sua debochada desobediência à legislação eleitoral."

Em entrevista ao mesmo jornal, o professor da USP, José Álvaro Moisés, da cadeira de Ciência Política, disse: "O presidente Lula passou dos limites (...). Confunde o papel de primeiro mandatário brasileiro com o de militante petista. (...) O presidente tem dado uma contribuição negativa para a cultura política do país.”.

Escreve, enfim, este colunista: O legado da era Lula, ao longo da história, será o de um presidente que se colocou acima da lei e da ordem, do bem e do mal, e, de forma ostensiva, utilizando-se dos mecanismos republicanos, democráticos, do País, contra eles trabalhou de forma a dar pão e circo ao povo com o objetivo da perenidade de seu grupo e dele próprio no poder.

A República brasileira, por mais que os índices econômicos favoráveis – construídos ao longo dos oito anos de Fernando Henrique Cardoso e dos oito de Lula, pela manutenção da política anterior e ampliação das bolsas já existentes antes de sua posse – ofereçam popularidade ao presidente, está sendo ferida de morte pela ausência de cumprimento dos dispositivos institucionais de garantia da existência da própria República.

Pior de tudo, o artífice maior é o responsável que jurou cumprir e defender a Constituição. É quem zomba, faz galhofa da legislação, usando sua "esperteza" de forma laudatória a si mesmo.

O Brasil assiste à mais estarrecedora campanha eleitoral partidária feita a partir do cargo de presidente de todos os brasileiros. Um dano cujo efeito negativo sobre a vida institucional do País ainda não se consegue medir. A República Federativa do Brasil está mais próxima da República Bolivariana do Brasil.

E a massa, com pão e circo à vontade, não sabe que está sendo conduzida para o caminho errado. Pensa que está na trilha do paraíso, quando se dirige, a persistir o que se vê na cena nacional, para o total controle do Estado sobre a sociedade. E todos sorrindo. Diário do Comércio

Paulo Saab é jornalista e escritor

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