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17 de setembro de 2010

O Estado sob domínio de facção sindical

Os últimos graves acontecimentos derivados das ações criminosas de quebra de sigilo na Receita Federal sinalizam claramente para onde caminha o Estado brasileiro: o fosso da incredulidade e indecência.

Não bastou o repugnante episódio do caseiro Francenildo Santos Costa, em março de 2006, que teve seu sigilo fiscal estuprado pela Caixa Econômica Federal por sua denúncia contra o então todo poderoso ministro Antônio Palocci, que foi devidamente blindado para em seguida tornar-se candidato e ser eleito deputado federal. A culpa recaiu sobre o ex-presidente da CEF, Jorge Mattoso, que, a exemplo de todos os que imperiosamente tiveram de ser defenestrados da equipe do Governo Lula, como providência de última instância. E como todos os demais, também Mattoso deixou o Governo exibindo ainda a pomposa tarja de “saída a pedido”. Por Fernando Alves de Oliveira


Ocorre que além de ter o seu depoimento anulado na CPI que apurou o escândalo, por expressa liminar expedida pelo STF, a pedido do senador Tião Viana, do PT, até hoje não foi julgado. E como o PT não deixa nenhum fiel companheiro na rua da amargura, (nem os conscientes ou “aloprados”) em seguida Mattoso ocupou o cargo de Secretário das Finanças da Prefeitura de São Bernardo do Campo, cujo prefeito é o conhecido ex-sindicalista Luiz Marinho. Lá consta que Mattoso deixou o cargo por “motivos pessoais”...

Agora, vem à tona episódio de ainda maior gravidade ante o número de sigilos quebrados pela Receita Federal, sendo todos eles ligados ao principal adversário da candidata do Governo, cujo comandante, inquilino do Planalto, jurou sob a bandeira nacional defender a Ordem, a Lei e a Constituição. Como tal, deveria portar-se, pois, como estadista e magistrado. E qual tem sido seu papel senão o de inflamado cabo eleitoral? Pior ainda. Defende-se atacando e acusando quem denuncia a fraude, o crime. A mentira, a farsa, o logro substituem a verdade incontestável dos fatos e o mais elementar respeito às instituições democráticas, cujos pilares basilares da democracia estão sendo dia-a-dia corroídos. Vivemos numa verdadeira autocracia, onde os valores éticos e morais são achincalhados de forma virulenta e vergonhosa.

As desculpas esfarrapadas para as violações de sigilos na Receita Federal, hoje nas mãos da militância sindical petista, são dignas de riso, não fossem trágicas e lesivas do ponto de vista institucional. Soam como se o Estado não tivesse nada com isso.

Seus responsáveis até banalizam o ato. Utilizam até mesmo o uso da tática de que foram os próprios companheiros de José Serra que criaram um factóide (termo predileto do petismo). Isto está sendo irresponsavelmente jogado ao ar e revivendo um dos maiores e mais tenebrosos escândalos vividos neste País e até hoje não julgado pela mais alta corte jurídica da Nação: o “mensalão”, onde abundantes caras de pau não tiveram nenhum pejo em ressoar com cara de paisagem o “não sei de nada”, “não vi”, “desconheço”, “isso não é comigo”, escarnecendo e envergonhando a nacionalidade brasileira, especialmente os que tem dignidade e vergonha na cara! Até mesmo antigos e respeitados fundadores daquele partido tiveram a dignidade e honradez de simplesmente dele se retirarem.

A candidata do Governo, como um papagaio defende-se afirmando que na data da ocorrência dessas criminosas quebra de sigilos (outubro de 2009) nem era candidata. É verdade. Até pouco antes dessa época, iam ao ar os balões de ensaio soltados pela turma petista para a tese de um eventual terceiro mandato, vedado pela Constituição. Não surtiram nenhum efeito. E realmente Dilma não era mesmo candidata. Apenas havia a perspectiva de que acabaria sendo -como de fato acabou- ungida, por falta de coisa melhor nos quadros petistas. Logo cognominada de “poste”. Sua biografia e seu passado, pouco abonadores, como é óbvio nunca foi e nem será publicado, por elementar questão de outrossim.

Ocorre, contudo, e é o que vale e importa, que o principal adversário do PT já era por demais conhecido, não só pelos militantes do partido da estrela vermelha, como das demais siglas cooptadas por Lula, especialmente o PMDB, que jamais precisará se preocupar em ter candidato próprio, pois invariavelmente sempre esteve e assim permanecerá por todo o sempre à disposição de qualquer governo que se eleja neste País. É –e continuará sendo- a noiva desejada de todo ocupante do Palácio do Planalto. Claro que mediante o “dote” exigido...

Quem tem cinqüenta por cento dos cargos no governo federal ocupados por sindicalistas (segundo pesquisa da insuspeita e reputada Fundação Getúlio Vargas) sustentados pelo dinheiro público da contribuição sindical obrigatória não poderia mesmo agir como governante de um País republicano, mas como se fora presidente do Sindicato Brasil, onde as instituições não passam de gavetas a serviço de seu comandante e de seus áulicos.

Já denunciei em meu último livro, o logro petista no âmbito sindical. Quem ainda não sabe, consulte a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 252-200 (antes da eleição de Lula) e comparem-na com a PEC-365/2005 (já no Governo). Cotejem e pasmem! A diferença é comparável ao céu em relação ao inferno! E são esses sindicalistas favorecidos que hoje estão empoleirados nos quadros governista!

Encerro com o poema E não sobrou ninguém de Martin Niemöller, lendário pastor luterano alemão, símbolo da resistência nazista e ganhador, em 1966, do Prêmio Lênin da Paz:

“Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse.”

O autor é Consultor Sindical Patronal, autor dos livros “O sindicalismo brasileiro clama por socorro” e “S.O.S.SINDICALpt”, ambos editados pela Editora LTr e apresentador da palestra sindical patronal “Enfrentamento e superação da crise estrutural sindical, especialmente no setor patronal”. Outros artigos em http://falvesoliveira.zip.net// Contatos em falvesoli40@terra.com.br

Um comentário:

  1. É lamentável que o STF não tenha vaga na pauta para julgar a gang ptsta.Segundo a nossa carta magna o presidente da república responde pelos atos de seus ministros.Só no papel é claro!!!.

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