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14 de setembro de 2010

Três notas noturnas : Fidel com cara de tacho, Danuza arrasando e a “sociedade civil”...

…,ora, a “sociedade civil”

Fidel Castro ficou com cara de tacho. Danuza Leão arrasou. E a “sociedade civil” brasileira, quem diria, parece não ter nada a dizer contra os escândalos e ilegalidades em curso.

Foi na sexta-feira, salvo engano, que Fidel Castro desdisse o que havia dito à revista americana Atlantic Monthly. Na entrevista, ele afirmara que o modelo econômico cubano estava esgotado. Exportá-lo ? Como, se passara a desatender ao próprio povo cubano ? Aí veio o desmentido. Os dois jornalistas haviam se equivocado. Ele de fato dissera o que disse, mas eles tinham entendido tudo ao contrário. por Bolívar Lamounier


O desmentido não me pareceu nem um pouco convincente. Minha impressão inicial foi a de que Fidel talvez não esperasse a repercussão mundial de suas palavras. Ou, quem sabe, a de que ele estava preparando o terreno, antecipando num diapasão soft o que mais cedo ou mais tarde precisaria ser dito como fratura exposta.

Hoje, conforme noticiado pela agência de noticias EFE, a CTC (Confederação dos Trabalhadores de Cuba) abriu o jogo. O paraíso socialista vai, sim, fazer um ajuste fiscal . Dos brabos. De dar arrepios na espinha.

Vai cortar a bagatela de 500 mil empregos no setor estatal.Só.

Lá também, eles parecem ter chegado à conclusão de que, mesmo no paraíso, receita e despesa precisam manter um modus vivendi razoável.Aqui, entre as viúvas do socialismo, essa ficha vai demorar um pouco a cair.

Mudo de assunto.
Primeiro, quero deixar aqui um registro de ter lido hoje um dos melhores textos sobre Lula e o PT de que tenho conhecimento. De algum notável sociólogo ou cientista político? Do melhor jornalista brasileiro ou do New York Times ? Não.

Da Danuza. Leão. Na Folha de S. Paulo. Um arraso. (você lê aqui o texto de Danuza, aqui) Não sei se é fruto de sensibilidade feminina,de uma cabeça não deformada pelo ritual acadêmico ou de sheer intelligence, como dizem os anglo-saxões : inteligência mesmo, da boa.

O fato é que é um arraso. A vacuidade da ideologia petista, os arreganhos de Lula na TV, esquecendo-se desse fato banal que é o de ser presidente da República, a figura espectral de Dilma Rousseff : Danuza não deixou passar nada.

Aos meus leitores que compraram livros e mais livros sobre Lula e o petismo, não vou sugerir que os joguem fora. Mas sugiro que os acomodem em suas estantes . Por enquanto, não vão precisar deles.

Por último, quero lembrar três grandes ausentes da presente conjuntura. A OAB, a CNBB e o Ministério Público.

Os três estão num “silêncio de estourar os tímpanos”, como diriao grande Nelson Rodrigues.

A OAB deixou suas digitais de cabo a rabo na Constituição de 1988. Mas não parece ter nada a dizer a respeito do ciclo de escândalos e ilegalidades que o país está vivendo, e que parece remetê-lo de volta às trevas da Velha República.

A gloriosa CNBB dos tempos da resistência também parece estar na muda.

E o Ministério Público… Por onde será que anda aquela rapaz magrinho : Francisco, acho que era este o nome dele ?Paciência, uma hora dessas ele reaparece. Revista Exame


Leia também, do mesmo autor:
A DAMA DE GESSO PREFERIU NÃO BOTAR A MÃO NO FOGO PELA COMPANHEIRA (ressalto este trecho, especificamente)

Já me referi aqui algumas vezes aos fortes indícios de que o aparelhamento partidário do governo tenha trazido um polvo policial em seu ventre. A reação das autoridades e lideranças políticas governistas é invariavelmente a mesma: “fins eleitoreiros”.

Não, desculpem, me enganei. Não é só a ”fins eleitoreiros” que os malfeitos vêm sendo regularmente atribuídos. Eles também tentam esvaziar a própria questão. Negar-lhe qualquer relevância.

Quem se incomoda com quebra de sigilo fiscal? A “zelite”, obviamente. O “povão” não se incomoda. Repetem isso com algum disfarce, mas incessantemente, enquanto a militância bate o bumbo: “prá pobre, tanto faz como tanto fez”.

Nessa lenga-lenga do “povão” contra a “zelite”, o grande incauto é a classe média; tomo aqui o conceito no sentido mais amplo, abarcando quase 50% da população. Pouco a pouco, querem convencê-la de que quebrar sigilo é coisa corriqueira, normal e inofensiva.

A classe média ainda não se deu conta de que essa arma vai muito além da gente endinheirada e de adversários políticos. Que ela pode ser usada em extorsões e chantagens de todo tipo.

Inclusive de opinião. Hoje, a maior parte da classe média pode não estar sentindo na pele a necessidade de garantias para dizer o que quiser. Pode não estar indo fundo na linguagem da política no sentido mais nobre: a das regras constitucionais, dos valores e dos direitos humanos.

Mas o mundo está sempre mudando. Às vezes para melhor, às vezes para pior, e outras vezes para muito pior. Um Estado policial não se improvisa – isso é certo – , mas também não precisa de séculos para ficar prontinho e bem lubrificado. material completo aqui

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