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8 de outubro de 2010

Escândalos fazem a Petrobras perder valor

Após capitalização, ações da estatal caem quase 3% em um só dia e reforçam o pessimismo de investidores

As incertezas em torno da capitalização da Petrobras voltaram a movimentar o mercado acionário ontem e pressionaram o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&Fbovespa), que fechou com queda de 0,88%, a 69.918 pontos. Depois de os bancos Itaú e Barclay's divulgarem esta semana relatórios pouco favoráveis aos papéis da estatal, ontem boatos sobre um escândalo envolvendo a estatal derrubaram mais ainda as cotações da petrolífera, que lideraram as quedas da bolsa paulista. Ontem, as ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras chegaram a despencar 5,9%, mas encerraram o dia com queda menor, de 2,98% em relação à véspera, cotadas a R$ 28,31. Por Rosana Hessel, Mariana Mainenti e Gabriel Caprioli


Os ativos preferenciais (sem direito a voto) recuaram 2,17%, para R$ 25,30. No ano, os papéis da estatal já atingiram desvalorização máxima 30,71%. Após o fechamento do mercado, o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, minimizou as perdas. "Isso não é uma desvalorização permanente. É uma coisa de curto prazo. O mercado vai se ajustar rapidamente."


"O risco do papel da Petrobras tem aumentado devido à queda de rentabilidade da companhia observada nos últimos balanços. Além disso, o risco político é crescente", disse o economista chefe do Banco WestLB do Brasil, Roberto Padovani. A seu ver, não há uma perspectiva de recuperação das ações no curto prazo. "Não há espaço para uma alta. Os preços tendem a cair mais e só devem se recuperar no médio prazo e de forma gradual."

Sem voz
As críticas sobre a condução do processo de capitalização aumentam, especialmente em relação ao valor real levantado na operação. Apesar de a estatal confirmar a captação de vultosos R$ 120,2 bilhões, apenas um terço dessa cifra entrou efetivamente no caixa da empresa graças ao pagamento feito pelos acionistas minoritários. O governo federal arcou com cerca de R$ 80 bilhões da operação, mas o desembolso foi mínimo, uma vez que R$ 74,8 bilhões correspondem a barris de petróleo do pré-sal - ainda não explorados.

Além disso, a participação do governo no capital votante da Petrobras saltou de 57,5% para 63,6%, diluindo em 14,3% a fatia dos acionistas minoritários, para 36,40%. "A perda de voz dos minoritários é péssima, pois prejudica a governança e a transparência da empresa. Essa capitalização foi uma aberração e o curioso é que a empresa possui títulos nos Estados Unidos, sujeitos às rigorosas regras de governança das companhias abertas daquele país", criticou Euchério Lerner Rodrigues, professor da Fundação Getulio Vargas.

A injeção de R$ 40,21 bilhões em dinheiro também não é suficiente para atender a necessidade do plano de investimentos de cerca de R$ 380 bilhões até 2014. "Há um mau humor generalizado no mercado em relação à Petrobras. O valor efetivo levantado com a capitalização foi baixo e alguns operadores fora do Brasil especulam que a empresa vai precisar levantar mais de R$ 100 bilhões", disse Demetrius Luciano, economista da corretora Prosper. (Colaborou Vera Batista) - Correio Braziliense

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