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14 de outubro de 2010

Máquina sindical do governo a serviço de Dilma

Centrais sindicais iniciam campanha pela eleição de Dilma

As seis maiores centrais sindicais do país dão largada hoje à campanha direta pela eleição de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. Após evento realizado no fim da tarde de sexta-feira na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, filiado à Força Sindical, dirigentes sindicais intensificaram o contato com integrantes do comitê eleitoral de Dilma, definindo dois eixos de atuação: negociar com o governo o reajuste real do salário mínimo no ano que vem e iniciar desde já a defesa da candidatura petista. Em reunião realizada ontem no espaço onde funcionara o comitê de campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, representantes das seis entidades e de movimentos sociais acordaram em iniciar hoje uma larga campanha de rua. Por João Villaverde


A partir de hoje, duas turmas de sindicalistas se revezarão em São Paulo, das 7h às 14h e daí às 19h, percorrendo pontos públicos como praças e estações de metrô com panfletos e jornais. Amanhã, as centrais participarão de comício da campanha de Dilma em São Miguel Paulista (SP) onde entregarão à candidata a "Agenda da classe trabalhadora", documento aprovado em assembleia promovida no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, para cerca de 23 mil sindicalistas presentes. O documento, originalmente idealizado para ser entregue à todos os candidatos, só chegará a Dilma. Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior do país, resume: "ela é a única capaz de encampar as necessidades da classe trabalhadora, então não faz sentido entregar o documento a quem não fará nada com ele".

A questão do salário mínimo é mais complexa. A CUT defende o reajuste do mínimo em R$ 560 para o ano que vem, incorporando reajuste real (acima da inflação) de 3,5% - número tirado da média do Produto Interno Bruto (PIB) de 2006 a 2009 - maior que os R$ 538 propostos pelo governo na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que apenas repõe a inflação deste ano, mas inferior aos R$ 600 propostos pelo candidato da oposição, José Serra (PSDB). Por outro lado, dirigentes da Força Sindical defendem um mínimo igual ou mesmo superior aos R$ 600.

Na reunião realizada ontem, os dirigentes das centrais divergiram quanto ao momento de iniciar as negociações junto ao governo em relação ao valor do salário mínimo de 2011. Enquanto uma parcela prefere aguardar a realização do segundo turno para iniciar as conversas com o presidente Lula, outros avaliam que é preciso intensificar reuniões agora. Caso as negociações não avancem, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), presidente da Força Sindical, afirmou ao Valor que vai encaminhar um projeto de lei que prevê mínimo de R$ 600 e reajuste de 10% nas aposentadorias no ano que vem.

Segundo apurou a reportagem, as divergências entre as centrais quanto ao salário mínimo ficaram evidentes na sexta-feira, durante evento com Dilma na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Uma fonte próxima à direção da Força manteve diálogo com o deputado Antônio Palocci (PT), um dos principais articuladores políticos de Dilma. Segundo a fonte, Palocci se colocou a favor de um reajuste superior aos R$ 560.

O evento, na semana passada, quase não aconteceu. A assessoria da campanha de Dilma afirmou, pela manhã, que a candidata não participaria do evento, marcado para as 18h. Apenas à tarde, três horas antes do início, que sua presença foi confirmada. O episódio, segundo apurou o Valor, repercutiu mal entre os dirigentes sindicais. "Esse vacilo, quer dizer, desconfirmar e depois confirmar, em cima da hora, a presença num evento marcado com antecedência e com a presença de todos as seis centrais, acelerou a ideia de que a reunião realizada hoje [ontem] era central não só para a campanha, mas também para articularmos melhor a participação das centrais nas eleições e num futuro governo ", disse a fonte.

A campanha que as centrais iniciam hoje em São Paulo contará com arsenal de peso. A área de comunicação da Força Sindical têm pronto um jornal que será disparado para sindicatos e em pontos públicos em que Paulinho, quarto deputado federal mais votado em São Paulo, com 267 mil votos, surge defendendo voto em Dilma. O jornal, que terá circulação de 5 milhões de exemplares, contará também com textos que "desestimulam o voto" em Serra. O jornal será começará a ser impresso hoje. Há dúvidas apenas em relação ao expediente do jornal, isto é, se será algo apenas da Força Sindical ou se as outras centrais assinarão. A CUT também prepara jornal próprio.

"Essas promessas do Serra são pura demagogia. Todo mundo sabe que ele não gosta de trabalhador e nosso papel, agora, é informar a classe trabalhadora disso", diz Paulinho. Valor Econômico

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