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19 de outubro de 2010

Partidarização de estatais e dirigismo

A ida para o segundo turno da candidata oficial, Dilma Rousseff, quando a sua campanha já havia preparado a festa da vitória em Brasília, tornou mais agressivo - ou "assertivo" - o embate nesta fase final das eleições. Como em 2006, por certo devido à inspiração do principal cabo eleitoral de Dilma, o presidente Lula, colocase no centro da mesa o assunto das privatizações empreendidas na Era FH, numa tentativa de apresentar o candidato tucano, José Serra, como vendilhão do "patrimônio do povo brasileiro".

E, tanto quanto em 2006, o nome da Petrobras anda de boca em boca. Até mais do que em 2006, pois ainda se está durante a aprovação legislativa da conversão do modelo de exploração do pré-sal de um sistema de concessão - exitoso, tanto que permitiu a descoberta da nova fronteira de produção - para o modelo de partilha, mais ao gosto da ideologia estatizante que ampliou espaços no segundo governo Lula. Mas não estamos em 2006, e, depois de quatro anos de ampliado o aparelhamento da máquina pública, de denúncias de corrupção em estatais, a velha tática ressurge ainda mais caricata. Opinião O Globo



Deve ter sido grande a frustração do patrono de Dilma ao não ter conseguido, do alto de cerca de 80% de popularidade, transferir os votos necessários para a ex-ministra liquidar as eleições no primeiro turno. Faltou pouco, mas faltou. A gana do lulopetismo para vencer o pleito a qualquer custo ampliou-se. E assim facetas já expostas da Era Lulopetista ficam mais explícitas.

Não são fatos isolados que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, militante petista de carteirinha, transforme a maior empresa da América Latina em comitê eleitoral de Dilma, enquanto o presidente da Vale, Roger Agnelli, decida falar de maneira aberta o que se sabe há tempos: "Tem muita gente procurando cadeira (a dele). E normalmente é a turma do PT." Tem-se, sem subterfúgios, aspectos marcantes do lulopetismo, principalmente na segunda gestão de Lula: a partidarização de estatais e o dirigismo na economia, que sequer respeita a privatizada Vale.

Como a ex-estatal tem, no conjunto de acionistas de peso, fundos de pensão de companhias públicas (Previ/Banco do Brasil e Petros/Petrobras), são desfechadas pressões fortes para que Agnelli coloque dinheiro da empresa - logo, de todos os acionistas - em certos projetos que atendem apenas a interesses de aliados políticos do lulopetismo.

Esses fundos são o braço financeiro bilionário de corporações sindicais, com enorme influência no mundo dos negócios, e, por tabela, nas finanças da política partidária. São arma eficiente no modelo de capitalismo de estado sonhado por viúvas de Geisel que transitam por Brasília. O uso da Petrobras é conveniente não apenas pelo peso da empresa, mas pelo que representa no imaginário da sociedade.

Balela imaginar que venha a ser privatizada algum dia. O candidato José Serra tem razão quando diz que a Petrobras e tantas outras precisarão ser reestatizadas, pois foram privatizadas por interesses de grupos políticos e corporações variadas. Um processo pelo qual os Correios, outrora estatal símbolo de eficiência, foram destroçados por esquemas como o montado dentro da companhia por Erenice Guerra e apaniguados de políticos. Gasta-se um tempo precioso de debates já em si amarrados para discutir um não problema. Serve apenas para dar ideia de como estes grupos lutam para não deixar de usufruir do "patrimônio do povo brasileiro".

Privatização é tema fora da verdadeira agenda do país

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