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6 de outubro de 2010

Pesquisas e o Tiririca

Os resultados das eleições surpreenderam muita gente. Mas por quê? O que fez com que as pessoas se surpreendessem?

A resposta é evidente: porque a maioria dos eleitores e a mídia em geral haviam criado uma expectativa de resultados com base nas pesquisas e os institutos de pesquisa erraram. Erraram muito e por muito. Em vários casos, muito além das generosas margens de erro por eles próprios estabelecidas. Não é estranho? Por Roberto Jefferson


Desde 1989 temos eleições para presidente com campanhas de uma tranquilidade que fazem inveja a muitos países considerados sérios e desenvolvidos. São 21 anos de experiência em eleições e pesquisas, para não falar do período anterior à redemocratização. Hoje, possuímos dados demográficos recentes e de qualidade - indispensáveis para a elaboração de amostras confiáveis - como nunca antes neste país, se me permitem a citação. Temos profissionais de estatística e de ciências sociais capacitados a desenvolver metodologias e análises competentes. Se nos dermos ao trabalho de fazer uma revisão bibliográfica, veremos que nossa academia já produziu estudos suficientes para que os "erros" desta campanha não nos surpreendessem.

Há anos sabemos que as pesquisas formam opinião, mais do que refleti-la. Há anos sabemos que elas tendem a ajudar o "pelotão da frente" e a prejudicar os "retardatários". Sabemos também que deixaram de medir o impacto das propostas dos candidatos junto aos eleitores para fazer o caminho inverso, orientando os candidatos sobre como se mimetizarem com um eleitor supostamente médio, formatado pelas pesquisas, o que resulta em candidatos de laboratórios-estúdios. Isso tudo, supondo que os erros tenham sido erros, apenas erros.

As explicações que nos oferecem sobre a confiabilidade das pesquisas são mais furadas que tela de galinheiro e a garantia de que sejam registradas na Justiça Eleitoral valem tanto quanto colocar dinheiro falso sob o colchão e pretender que isso lhe proporcione valor real. Convenhamos! O instituto que mais errou oferecia a seus clientes os chamados "tracking diários" pela módica quantia de R$ 766 mil, uma pechincha para quem precisava dar banhos diários no seu rico dinheirinho. Quem procurasse um pouco mais encontraria produtos similares por um quinto disso e, com alguma barganha, poderia arrematar um genérico por 10% do top de linha. Outro instituto entrou no ramo de franquias e terceirizou suas pesquisas, conferindo-lhes a autenticidade de um Rolex de camelô.

Você pensa nesses dados, confere os números e, pasmo, assiste os representantes dos institutos dizerem que a culpa é sua, eleitor, que mudou de opinião na última hora. Com pesquisa ou sem elas, com urnas eletrônicas e apuração em cinco horas, ainda teremos que esperar os resultados definitivos porque o Judiciário não decidiu se a ficha limpa vale ou não, se o candidato que apareceu na urna vale ou não... E o Tiririca é que é o palhaço. Quem sabe o Brasil não começa a limpar essa lambança de cima para baixo, por essa jabuticaba chamada Justiça Eleitoral! Quanto às pesquisas, por que não experimentar algo como o Conar na publicidade?

Sabemos que as pesquisas formam opinião, mais do que refleti-las, que tendem a ajudar o "pelotão da frente" e a prejudicar os "retardatários"

Roberto Jefferson - Presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro

Fonte: Brasil Econômico

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