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20 de outubro de 2010

A tortura dos números

O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), o acadêmico pernambucano Marcos Villaça, escaldado com a inutilidade militante das pesquisas de opinião, encontrou uma boa régua para medir as intenções de votos no segundo turno: "Meço o Ibope pelo nível da irritação do Lula nas suas falas em público". Sabedoria pernambucana em seu melhor estado.

Aliás, se a régua usada por Villaça estiver certa, é bem provável que Serra já tenha assumido a dianteira na corrida eleitoral. Lula participou ontem de um evento promovido pela Carta Capital e tomado de fúria, voltou a atacar a imprensa. E incitou os políticos: "A única coisa que quero é que digam a verdade e somente a verdade. Contra ou a favor, mas digam apenas a verdade. Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste País. A covardia é muito grande". Por Margrit Schmidt


ATAQUES PARA TODOS
Ele também atacou a Justiça Eleitoral, que impediu a circulação de uma revista da CUT, que faz a campanha de Dilma: "E depois eles falam em democracia, em liberdade de expressão".

A exemplo da revista de Mino, a da CUT também é financiada por estatais. Lula e a "companheirada" nem se preocupam em disfarçar, minimamente, o aparelhismo vigente que eles pretendem perpetuar com a vitória da impostura chamada Dilma Rousseff.

Lula, o chefe da facção petista que ocupa o cargo mais alto da hierarquia republicana brasileira, criticou ainda "uma revista" - não citou o nome - em que "tem uma fotografia na capa que é um acinte à democracia". Uma referência provável à revista Veja, que traz na capa a foto do senador eleito Aécio Neves (PSDB), um dos campeões de voto no País e que aplicou uma coça eleitoral nos petistas e peemedebistas de Minas. Isso Lula acha um "acinte".

Quanto à revista de uma central, que vive do imposto sindical, fazer campanha para a candidata do PT com patrocínio de duas estatais -Banco do Brasil e Petrobras -, deve ser próprio das mais puras regras da democracia.

Mino Carta discursou antes de Lula e numa explosão bajulatória foi capaz até de negar que o mensalão existiu. Está explicado com qual "verdade" Lula pretende pautar a imprensa brasileira e, quiçá, mundial.

DOIS MAIS DOIS DÁ NOVE
Voltando ao grande sábio e acadêmico pernambucano e sua boa régua, a Vox Populi voltou a atacar e torturar os números esta semana. A Vox é comandada por ninguém mais, ninguém menos do que aquele candidato a pitonisa, Marcos Coimbra. Quem? Aquele que espanca os eleitores com suas maltraçadas, em longos, monótonos e delirantes artigos semanais na concorrência, e em alguns blogs amestrados.

Coimbra é o cara que organizava um tracking (sondagem diária por telefone) para o portal iG, no qual o tucano José Serra chegou a aparecer com 22% dos votos. O resultado das urnas mostrou a credibilidade do seu instituto: zero.

Há uma semana, ele publicou uma simulação de segundo turno, e a diferença entre Dilma e Serra era de oito pontos. Ontem, o torturador de números divulgou outro levantamento em que a diferença seria de 12 nos votos totais. Para isso bastou mexer nos números do tucano dentro da margem de erro (antes 40%, agora 39%) e somar três pontos para sua cliente Dilma (de 49% para 51%).

O mais espantoso é que, segundo Coimbra, os brancos e nulos continuam em 6%, como na semana passada, e os indecisos passaram de 6% para 4%. Serra não só não teria ganhado nenhum indeciso (foram todos para Dilma), como ainda perdeu eleitores para a petista.

Agora o jornalismo online começa a "repercutir", como manda o jargão, os números do Vox Populi. Quem, a três dias da eleição, afirmava uma diferença a favor de Dilma de 12 pontos sobre a soma dos demais candidatos, precisa é ser investigado em vez de ser publicado.

O Vox Populi divulgou outro levantamento no qual a diferença de Dilma para Serra seria de 12 pontos nos votos totais. Jornal de Brasília
























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