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25 de outubro de 2010

Um estelionato por dia

Parece ser a sina dos tesoureiros do PT. Desta vez, é João Vaccari Neto, o atual guardião das finanças do Partido dos Trabalhadores, quem está prestes a se sentar no banco dos réus. Na semana passada, ele foi denunciado à Justiça por formação de quadrilha, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro. Os crimes referem-se ao golpe que, segundo o Ministério Público (MP), ele aplicou juntamente com outros dirigentes da Bancoop, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo. Desde a sua fundação, em 1996, a Bancoop é dirigida por sindicalistas ligados ao PT. De 2004 a 2010, ela foi presidida por Vaccari. O trambique comandado pelo tesoureiro petista funcionava da seguinte maneira: Por Laura Diniz



a Bancoop lançava empreendimentos imobiliários a preços muito baixos. Com isso, atraia milhares de cooperados - pessoas que se cotizavam para financiar a construção de imóveis por meio da entidade. Só que, em vez de aplicar o dinheiro para erguer apartamentos, a Bancoop de Vaccari desviava parte dos valores para contas bancárias de seus diretores e para o caixa (dois. é claro) de campanhas eleitorais do PT. O desfalque chegou a 100 milhões de reais, entre 2001 e 2008, segundo o MP. Vaccari foi formalmente acusado de ter cometido estelionato contra 1 133 famílias. São pessoas que pagaram mensalidades à Bancoop, muitas vezes com sacrifício e ao longo de anos. e que agora não têm onde morar. Outras 2362 vítimas conseguiram receber seus apartamentos, mas para isso tiveram de gastar muito mais do que havia sido combinado inicialmente. Como eram cooperados, tiveram de cobrir o rombo financeiro provocado por Vaccari e sua turma - se não fizessem isso, seus prédios não ficariam prontos. Ao todo, é como se o tesoureiro do PT tivesse passado a perna em uma pessoa por dia, ao longo de oito anos.

Na última terça-feira, o caso foi discutido na Assembleia Legislativa de São Paulo, que abriu uma CPI para acompanhar o assunto. O depurado estadual Vanderlei Siraque, do PT (que acaba de ganhar uma vaga no Congresso na carona do palhaço Tiririca), saiu em defesa de Vaccari e acusou o promotor do caso, José Carlos Blat, de apresentar uma denúncia “com tintas tucanas". Blat reagiu: "São tintas da Justiça". As duas centenas de vítimas da Bancoop que estavam na plateia e acompanhavam a audiência concordaram com o promotor.

Se a denúncia for aceita e os culpados pelo desfalque forem condenados, as vítimas terão o alento de saber que se fez justiça - mas dificilmente serão ressarcidas. Dado que uma cooperativa é como se fosse uma empresa cujos sócios são os cooperados, quando ela tem prejuízo, são os próprios "sócios" que têm de arcar com ele. Para os que confiaram em suas promessas, Vaccari e sua turma mandam lembranças. E uma conta de 90 milhões de reais em dívidas. Revista Veja

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