Lula ordenou ao eleitorado catarinense que tratasse de erradicar o DEM do cenário político. Os barrigas-verdes não só elegeram o senador do DEM Raimundo Colombo no primeiro turno, como "erradicaram", democraticamente, nas urnas, Ideli Salvatti do comando da tropa de choque lulista no Senado. Uma lição e tanto.
Mas o todo-poderoso e arrogante presidente não precisa de lições. Na terça-feira, Lula cabulou mais uma vez o serviço e baixou em Goiás para exigir, aos berros, a derrota do senador Marconi Perillo, candidato do PSDB e favorito na disputa com Iris Rezende, do PMDB. O andar da carruagem permite desconfiar que o eleitorado goiano vá reprisar o corretivo aplicado pelo povo de Santa Catarina. Ainda assim, Lula não aprenderá nenhuma lição. Não há erro para os filhotes do autoritarismo stalinista. Há método. Por Margrit Schmidt
DEMISSÃO NO AR
Na quarta-feira, também em Goiânia, o jornalista Paulo Beringhs denunciou ao vivo a ressurreição da censura na TV Brasil Central, controlada pela administração estadual, do PP, da base governista. Atendendo a uma ordem do governador Alcides Rodrigues, a direção da emissora comunicou a Beringhs, minutos antes de ele entrar no ar, que a entrevista com Perillo, marcada para quinta-feira, estava cancelada.
No ar, o jornalista identificou os responsáveis pelo atentado à liberdade de expressão, cometido para reanimar a enfraquecida candidatura de Iris. Pediu demissão e disse ao diretor da emissora, sentado à sua direita, talvez a mais significativa frase desta campanha eleitoral: "Garanta seu emprego que eu garanto a minha dignidade".
O vídeo circula livre, leve e solto na internet. Aliás, Lula e seus áulicos não perceberam que o estado atual da tecnologia digital não só não permitirá que a mentira sobreviva com o renascimento de qualquer censura, como serão definitivamente marcados como autoritários e retrógrados, on line.
A não ser, é claro, que Dilma vença as eleições, implante PNDH 3 dentro da Constituição e transforme o Brasil num simulacro manco da China, onde há um ministério para vigiar e limitar a navegação na rede, ou em uma Cuba onde a população simplesmente não tem acesso à internet.
BABANDO DE ÓDIO
Outro vídeo feito no mesmo dia em Goiânia: Lula aproxima-se de Iris Rezende no palanque e pede à plateia que "olhe na cara deste homem". É em gente assim que os goianos devem confiar, ensina. Colada a esta cena outra gravada em 2005, na qual Iris invoca o escândalo do mensalão e outras lambanças federais para afirmar que "é até deprimente eu chegá (sic) e apoiá (sic) Lula". Está na Veja.com e, lógico, no You Tube.
"Política a gente não pode fazer com ódio, com agressão, mas ninguém aguenta mentira!", disse Lula, arfando de raiva e cometendo mais um atentado contra a verdade e os fatos. O alvo da agressividade foi Perillo, candidato a mais um mandato pelo PSDB. Mas os piores momentos da história da humanidade ensinam que ondas de ódio se propagam na velocidade do som, como atestam os ataques sofridos imediatamente depois pelo candidato do PSDB, José Serra, no Rio de Janeiro.
Lula não é permeável a ensinamentos. O negócio dele é ser "dono da verdade", mesmo que essa verdade não resista a um vídeo no You Tube. Diz o presidente: "Uma coisa que a gente aprende no berço, na relação familiar, é a questão de caráter, de respeito! Não tem nada pior que um político sem caráter algum, que não colocou um trilho na Ferrovia Norte-Sul, dizer que ele que fez a ferrovia!"
A acusação é dirigida a Perillo, que não reivindica nem trilho de obra alheia, quanto mais de uma obra que o governo Lula não fez. Se não fosse cínico, o presidente seria apenas ingrato, pois foi Marconi quem propôs a Lula a criação do Bolsa Família em 2003, cuja paternidade foi sabidamente roubada pelo governo Lula. Por essas e outras, fez por merecer as duras palavras do editorial do O Estado de S.Paulo sexta-feira: "Em caso algum se pode admitir que um presidente da República insulte adversários políticos do alto de um palanque eleitoral. No caso de Lula, porém, a coisa é mais grave, considerando-se que se cercando das companhias de que se cercou para constituir maioria no Congresso, que autoridade moral tem para acusar alguém de mau-caratismo? (...) Como presidente, tem o dever de se comportar com a dignidade e a moderação que seu cargo exige. Não faz isso, por uma questão de caráter". JORNAL DE BRASILIA
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