Farsantes
Agora beata, a candidata Dilma Rousseff, resolveu que mais vale uma eleição na mão do que qualquer coerência na defesa de suas convicções e seus valores. Dilma mudou ao ser confrontada por comunidades religiosas, que cobravam tanto o programa do PT - o PNDH 3 - quanto declarações da própria Dilma defendendo, na prática, a legalização do aborto, pois a descriminalização é apenas mais um eufemismo para tentar limpar a barra com os católicos e evangélicos, maioria no País. Uma vergonha, como diria Boris Casoy. Não bastasse essa mudança radical-relâmpago sobre o aborto, a neobeata Dilma Rousseff é agora também contrária a união civil entre casais homossexuais, bandeira histórica defendida pelos petistas e pela candidata que, não se tem notícia, tenha se manifestado contra essa proposta que consta dos programas do PT desde a sua fundação, no século passado. Um vexame. Por Margrit Schmidt
O Brasil não é exatamente um País de políticos santinhos e coerentes, é longa a nossa marcha com biografias infames, eleitas ou não, mas nunca se viu nada igual ao que está acontecendo agora. Nunca antes, a farsa dominou de forma tão avassaladora a campanha de um candidato, ou melhor, candidata. Fernando Collor talvez seja o mais assemelhado na história política recente. Novato no cenário nacional, apesar de pertencer a uma linhagem de políticos tradicionais em Alagoas e tendo sido prefeito da capital e governador, Fernando Collor vestiu a camiseta da farsa: o original era conservador, membro das oligarquias retrógradas do Nordeste, mas discursava como se fosse o representante do Brasil moderno caçando os marajás. O Brasil topou o embuste para, em seguida - menos de dois anos depois - expulsá-lo da cadeira presidencial. Collor foi eleito, apesar de enganar os brasileiros com o figurino farsesco, no entanto, ele não foi confrontado durante a campanha. Seu adversário era o sapo barbudo, Lula, que destilava sua bile contra tudo e contra todos, tornando impossível, naquele momento para os eleitores, identificar o impostor Collor de Mello.
Dilma está sendo desmascarada a quente -todos os dias em frente da TV os brasileiros presenciam os truques e as mentiras fabricadas no submundo da política em que se transformou o PT e sua base alugada. Collor foi sendo desmascarado a frio, no decorrer do seu desastrado governo. Esse desfile diário de hipocrisias está corroendo a campanha da candidata Dilma. Arrisco a dizer que ela vai terminar a jornada no dia 31 de outubro de forma patética. Não importa o que dizem agora e ainda dirão as pesquisas nas próximas duas semanas, pois se algo sairá desacreditado dessas eleições, além da candidata Dilma, são os institutos de pesquisa brasileiros.
LIGAÇÃO COM ERENICE
O confronto entre a verdadeira Dilma e a Dilma falsa está se estabelecendo a partir dos fatos. Nem dá para a campanha da candidata acusar o adversário de "baixaria","boataria de baixo nível", simplesmente porque o tucano José Serra não precisou usar de nenhum expediente desse tipo, não precisou sequer ser mal educado, coisa que às vezes ele é. A prova disso é que até agora Serra não perguntou à Dilma, ao vivo e a cores, sobre sua ligação com Erenice Guerra. Não é novidade, nem é força de expressão ou malandragem eleitoral, que elas sempre foram "unha e carne". Chegaram juntas ao Ministério de Minas e Energia e, depois, Erenice foi levada por Dilma à Casa Civil, quando esta última ocupou a vaga de José Dirceu, demitido por causa do mensalão.
São tantos os elos entre as duas que dá até para discutir a relação: Dossiê contra Ruth Cardoso e FHC fabricado dentro da Casa Civil - Erenice foi considerada a coordenadora desse dossiê, na época denominado "banco de dados"; demissão da secretária da Receita Federal Lina Vieira, por não aceitar pressão de Dilma Rousseff em processo contra o filho de Sarney; descoberta rede de lobby na Casa Civil, o filho de Erenice, Israel Guerra, era um dos operadores do esquema; sigilos fiscais de adversários do PT são quebrados e uma das declarações, segundo a Folha de S.Paulo, encontrava-se em posse da pré-campanha petista - um jornalista, também contratado pela campanha do PT, estaria escrevendo um "livro-bomba" contra o tucano; Otacílio Cartaxo, substituto de Lina Vieira na Receita, mesmo tendo ciência de documentos da Corregedoria dentro do órgão, tentou sustentar a validade de uma procuração fajuta. Os eleitores não são bobos. Jornal de Brasília
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A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, resiste a assinar uma carta assumindo o compromisso de não enviar ao Congresso projetos de lei que permitam a legalização do aborto e o casamento entre homossexuais. Evangélicos que se encontraram com ela e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira, porém, cobram a promessa por escrito. - Por Vera Rosa - Estadão
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